Categoria: Gado de Leite

Proteja seu rebanho do estresse térmico: evite prejuízos na produção leiteira com estratégias eficazes

Data: 10/04/25

Autor: Antônio Viana

Manejo térmico do rebanho leiteiro

A proteção do rebanho contra o estresse térmico é uma prioridade crescente para produtores de leite, especialmente em regiões de clima quente e úmido. Manejo térmico do rebanho leiteiro é essencial para mitigar esses efeitos. O aumento das temperaturas intensifica o risco de estresse térmico em vacas leiteiras, comprometendo o bem-estar animal e resultando em perdas econômicas significativas.

Neste artigo, você vai entender como o calor afeta a produção leiteira e quais estratégias práticas podem ser adotadas para reduzir esse risco — mantendo a produtividade e a saúde dos animais mesmo nos dias mais quentes.

O que é estresse térmico e como ele afeta a produção de leite?

O estresse térmico em bovinos acontece quando a temperatura ambiente ultrapassa a zona de conforto térmico das vacas — que varia de 5ºC a 25ºC, dependendo da raça e da umidade relativa do ar.

Quando não conseguem dissipar o calor corporal de forma eficiente, os animais apresentam alterações fisiológicas e comportamentais que impactam diretamente a produtividade.

Fatores que agravam o estresse térmico:

  • Alta densidade animal; 
  • Ausência de sombra ou ventilação;  
  • Dietas com alta fermentação ruminal;  
  • Horário da ordenha em períodos mais quentes;  
  • Baixa ingestão de água. 

Nessas condições, a dissipação do calor corporal por mecanismos fisiológicos — como sudorese, vasodilatação periférica e aumento da frequência respiratória — torna-se ineficaz, promovendo alterações homeostáticas e comportamentais que afetam a ingestão alimentar, o metabolismo energético e a função endócrina. 

Principais consequências do estresse térmico em vacas leiteiras:

  • Redução na ingestão de alimentos;
  • Queda na produção e na qualidade do leite (gordura, proteína e lactose);
  • Comprometimento da eficiência reprodutiva (queda na manifestação do cio, baixa taxa de concepção, aumento do intervalo entre partos);
  • Aumento da taxa de mortalidade em casos extremos;
Manejo térmico do rebanho leiteiro

Estudos apontam perdas de mais de R$ 800 por animal/ano em decorrência do estresse térmico, segundo o USDA.

Aprofunde-se nos efeitos do calor sobre a produtividade e como mitigar esse problema.

Para mais detalhes sobre os impactos produtivos do estresse térmico, leia mais em: Estresse térmico em vacas leiteiras

Como identificar sinais de estresse térmico no rebanho?

O monitoramento de vacas leiteiras é essencial. Detectar precocemente os sinais de estresse térmico permite ajustes rápidos no manejo.

Sinais clínicos e comportamentais:

  • Respiração ofegante e aumento da frequência respiratória; 
  • Salivação excessiva; 
  • Agitação e inquietação; 
  • Elevação da temperatura corporal;  
  • Busca por sombra;  
  • Permanência prolongada em pé (aumentando o risco de lesões nos cascos); 
  • Redução da ruminação e da atividade social. 

Se esses sintomas forem frequentes, é hora de revisar as estratégias para melhorar o conforto térmico dos animais. 

A rastreabilidade e o monitoramento contribuem para melhor gestão do rebanho em condições adversas.

A tecnologia também auxilia no monitoramento da saúde do rebanho. Leia mais em: Rastreabilidade bovina no Pará pode ser aliada para a pecuária de leite

6 estratégias eficazes para combater o estresse térmico

1. Disponibilidade e fácil acesso a bebedouros:

oferta irrestrita de água limpa, fresca e em temperatura adequada, especialmente nos horários mais críticos do dia. A ingestão de água influencia diretamente a termorregulação e o metabolismo geral. Vacas possuem grande necessidade de hidratação logo após a extração do leite, por isso recomenda-se disponibilidade de bebedouros instalados na saída da sala de ordenha.

2. Sombreamento eficiente

Uso de árvores, toldos ou coberturas para reduzir a exposição solar.

3. Ventilação e sistemas de resfriamento

o sistema de resfriamento de vacas leiteiras por ventilação combinada com aspersão atua promovendo a perda de calor corporal por evaporação, um dos mecanismos mais eficientes para reduzir o estresse térmico. O processo consiste na aplicação intermitente de água em gotas grossas sobre a superfície corporal dos animais (principalmente no dorso), molhando a pele sem saturar o ambiente com umidade. Em seguida, ventiladores de alta vazão são acionados para intensificar a evaporação da água, o que extrai calor do corpo das vacas, promovendo um resfriamento eficiente. Esse sistema é especialmente eficaz quando operado em ciclos controlados (por exemplo, 1 minuto de aspersão seguido por 5 minutos de ventilação), e deve ser instalado em áreas críticas como salas de espera da ordenha, linha cocho e áreas de descanso. 

4. Manejo nutricional estratégico

formulação de dietas com maior densidade energética, menor teor de fibra efetiva e inclusão de aditivos (ionóforos, óleos essenciais, tamponantes, antioxidantes). Programar o fornecimento alimentar nos períodos mais frescos do dia.

Nutrição de precisão é chave para manter a produtividade em condições de calor.

Para entender como otimizar a dieta em dias quentes, leia mais em: Como a nutrição influencia na eficiência do rebanho

5. Redução do estresse por manejo:

Minimizar o tempo de espera na sala de ordenha, principalmente em ambientes com ventilação deficiente. Reorganizar os lotes para evitar superlotação e garantir acesso adequado a sombra e água. Evitar que os animais de determinado lote não ultrapassem mais de 1 hora no processo de ciclo de ordenha (saída e volta dos animais). Em sistemas de resfriamento na sala de espera, recomenda-se de 30 a 40 minutos para obter bons resultados.

6. Monitoramento com tecnologia

Utilização de sensores como coleiras, tornozeleiras, dispositivos intravaginais para rastreamento da temperatura corporal, frequência respiratória e ingestão hídrica. Esses dados permitem intervenções pontuais e baseadas em métricas precisas.

Vaca lambe os lábios com a língua para fora e na frente de um fundo de céu azul

Conclusão: proteger o rebanho contra o calor é investir em produtividade

Garantir condições adequadas de conforto térmico é uma estratégia essencial para preservar o desempenho zootécnico, o bem-estar animal e a sustentabilidade econômica da atividade leiteira. Com planejamento, tecnologias acessíveis e capacitação técnica da equipe, é possível enfrentar os desafios impostos pelo calor e manter altos níveis de produtividade mesmo nas estações mais críticas.

Deseja implementar soluções personalizadas para aprimorar o manejo térmico do seu rebanho? Entre em contato com nossos especialistas e descubra como podemos ajudar.  

Assista também

Entenda mais sobre como o calor impacta diretamente o desempenho das vacas leiteiras e veja dicas práticas no vídeo “Como o calor impacta a produção de leite”:

RESFRIAMENTO DE VACAS COMO AUMENTAR 300L DE LEITE SEM CRESCER O REBANHO

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