A proteção do rebanho contra o estresse térmico é uma prioridade crescente para produtores de leite, especialmente em regiões de clima quente e úmido. Manejo térmico do rebanho leiteiro é essencial para mitigar esses efeitos. O aumento das temperaturas intensifica o risco de estresse térmico em vacas leiteiras, comprometendo o bem-estar animal e resultando em perdas econômicas significativas.
Neste artigo, você vai entender como o calor afeta a produção leiteira e quais estratégias práticas podem ser adotadas para reduzir esse risco — mantendo a produtividade e a saúde dos animais mesmo nos dias mais quentes.
O que é estresse térmico e como ele afeta a produção de leite?
O estresse térmico em bovinos acontece quando a temperatura ambiente ultrapassa a zona de conforto térmico das vacas — que varia de 5ºC a 25ºC, dependendo da raça e da umidade relativa do ar.
Quando não conseguem dissipar o calor corporal de forma eficiente, os animais apresentam alterações fisiológicas e comportamentais que impactam diretamente a produtividade.
Fatores que agravam o estresse térmico:
- Alta densidade animal;
- Ausência de sombra ou ventilação;
- Dietas com alta fermentação ruminal;
- Horário da ordenha em períodos mais quentes;
- Baixa ingestão de água.
Nessas condições, a dissipação do calor corporal por mecanismos fisiológicos — como sudorese, vasodilatação periférica e aumento da frequência respiratória — torna-se ineficaz, promovendo alterações homeostáticas e comportamentais que afetam a ingestão alimentar, o metabolismo energético e a função endócrina.
Principais consequências do estresse térmico em vacas leiteiras:
- Redução na ingestão de alimentos;
- Queda na produção e na qualidade do leite (gordura, proteína e lactose);
- Comprometimento da eficiência reprodutiva (queda na manifestação do cio, baixa taxa de concepção, aumento do intervalo entre partos);
- Aumento da taxa de mortalidade em casos extremos;

Estudos apontam perdas de mais de R$ 800 por animal/ano em decorrência do estresse térmico, segundo o USDA.
Aprofunde-se nos efeitos do calor sobre a produtividade e como mitigar esse problema.
Para mais detalhes sobre os impactos produtivos do estresse térmico, leia mais em: Estresse térmico em vacas leiteiras
Como identificar sinais de estresse térmico no rebanho?
O monitoramento de vacas leiteiras é essencial. Detectar precocemente os sinais de estresse térmico permite ajustes rápidos no manejo.

Sinais clínicos e comportamentais:
- Respiração ofegante e aumento da frequência respiratória;
- Salivação excessiva;
- Agitação e inquietação;
- Elevação da temperatura corporal;
- Busca por sombra;
- Permanência prolongada em pé (aumentando o risco de lesões nos cascos);
- Redução da ruminação e da atividade social.
Se esses sintomas forem frequentes, é hora de revisar as estratégias para melhorar o conforto térmico dos animais.
A rastreabilidade e o monitoramento contribuem para melhor gestão do rebanho em condições adversas.
A tecnologia também auxilia no monitoramento da saúde do rebanho. Leia mais em: Rastreabilidade bovina no Pará pode ser aliada para a pecuária de leite
6 estratégias eficazes para combater o estresse térmico
1. Disponibilidade e fácil acesso a bebedouros:
oferta irrestrita de água limpa, fresca e em temperatura adequada, especialmente nos horários mais críticos do dia. A ingestão de água influencia diretamente a termorregulação e o metabolismo geral. Vacas possuem grande necessidade de hidratação logo após a extração do leite, por isso recomenda-se disponibilidade de bebedouros instalados na saída da sala de ordenha.
2. Sombreamento eficiente
Uso de árvores, toldos ou coberturas para reduzir a exposição solar.
3. Ventilação e sistemas de resfriamento
o sistema de resfriamento de vacas leiteiras por ventilação combinada com aspersão atua promovendo a perda de calor corporal por evaporação, um dos mecanismos mais eficientes para reduzir o estresse térmico. O processo consiste na aplicação intermitente de água em gotas grossas sobre a superfície corporal dos animais (principalmente no dorso), molhando a pele sem saturar o ambiente com umidade. Em seguida, ventiladores de alta vazão são acionados para intensificar a evaporação da água, o que extrai calor do corpo das vacas, promovendo um resfriamento eficiente. Esse sistema é especialmente eficaz quando operado em ciclos controlados (por exemplo, 1 minuto de aspersão seguido por 5 minutos de ventilação), e deve ser instalado em áreas críticas como salas de espera da ordenha, linha cocho e áreas de descanso.
4. Manejo nutricional estratégico
formulação de dietas com maior densidade energética, menor teor de fibra efetiva e inclusão de aditivos (ionóforos, óleos essenciais, tamponantes, antioxidantes). Programar o fornecimento alimentar nos períodos mais frescos do dia.
Nutrição de precisão é chave para manter a produtividade em condições de calor.
Para entender como otimizar a dieta em dias quentes, leia mais em: Como a nutrição influencia na eficiência do rebanho
5. Redução do estresse por manejo:
Minimizar o tempo de espera na sala de ordenha, principalmente em ambientes com ventilação deficiente. Reorganizar os lotes para evitar superlotação e garantir acesso adequado a sombra e água. Evitar que os animais de determinado lote não ultrapassem mais de 1 hora no processo de ciclo de ordenha (saída e volta dos animais). Em sistemas de resfriamento na sala de espera, recomenda-se de 30 a 40 minutos para obter bons resultados.
6. Monitoramento com tecnologia
Utilização de sensores como coleiras, tornozeleiras, dispositivos intravaginais para rastreamento da temperatura corporal, frequência respiratória e ingestão hídrica. Esses dados permitem intervenções pontuais e baseadas em métricas precisas.

Conclusão: proteger o rebanho contra o calor é investir em produtividade
Garantir condições adequadas de conforto térmico é uma estratégia essencial para preservar o desempenho zootécnico, o bem-estar animal e a sustentabilidade econômica da atividade leiteira. Com planejamento, tecnologias acessíveis e capacitação técnica da equipe, é possível enfrentar os desafios impostos pelo calor e manter altos níveis de produtividade mesmo nas estações mais críticas.
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Assista também
Entenda mais sobre como o calor impacta diretamente o desempenho das vacas leiteiras e veja dicas práticas no vídeo “Como o calor impacta a produção de leite”:

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