Categoria: Gado de Leite

Pós parto de Vacas Leiteiras: Manejo e cuidados importantes nesse período

Data: 26/06/20

Autor: Thais Camargos

O período de transição das vacas leiteiras se inicia três semanas antes do parto e se estende ainda por mais três semanas pós parto.

Após o parto, o objetivo maior deve ser garantir às vacas as melhores condições para que elas se recuperem desse evento e tenham como manter uma boa produtividade e uma boa saúde ao longo da lactação.

vaca recem parida com bezerro

Nesse texto você vai entender o que acontece com os seus animais no período pós parto e como prevenir a ocorrência de distúrbios metabólicos, para que as vacas possam apresentar um bom desempenho no período subsequente.

Fases do Ciclo Produtivo de uma Vaca Leiteira

O gráfico abaixo representa a curva de lactação tradicional de uma vaca de leite, no qual podemos entender melhor as relações entre consumo de matéria seca, produção de leite e escore corporal. 

curva de lactação de vacas

Após o parto, os requerimentos nutricionais de vacas de alta produção aumentam abruptamente, resultando em um quadro de balanço energético negativo (BEN), já que o consumo de matéria seca (CMS) ainda é insuficiente para atender totalmente os requerimentos energéticos da vaca em lactação. 

O BEN resulta em perda do escore de condição corporal (ECC) à medida que a vaca mobiliza reservas de gordura para suportar a produção de leite e atender aos requerimentos de energia. 

Sabendo disso, o manejo pós parto tem que estar direcionado à criação de um ambiente confortável e deve oferecer condições para que as vacas não sejam ainda mais sobrecarregadas nesta época.

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Agora vamos entender quais são as melhores práticas no manejo pós parto.

Manejo Pós Parto de Vacas Leiteiras

Escore de condição corporal em vacas leiteiras

escore de condição corporal (ecc) de vacas leiteiras

Como dito acima, o BEN provoca mobilização de reservas corporais da vaca para atender às necessidades do período pós parto. É importante saber que quando a mobilização é excessiva, o desempenho da vaca durante a lactação é severamente afetado.

Assim como a condição corporal, o sistema imune também é penalizado. Diversos estudos apontam que desordens no pós-parto como retenção de placenta e metrite são correlacionadas com essa queda na imunidade. 

Manejo reprodutivo no pós parto

O manejo reprodutivo no pós-parto imediato é decisivo para a fertilidade das vacas. 

A redução no consumo de matéria seca afeta negativamente a fertilidade e a produção subsequente das vacas, além de reduzir também o ECC. 

O aumento na produção de leite, a nutrição desbalanceada e as ocorrências de saúde no pós-parto têm efeitos negativos sobre a eficiência reprodutiva, interferindo na taxa de concepção, atrasando a primeira IA pós-parto e estendendo os dias em aberto e o intervalo entre partos.

Por isso, é importante realizar o controle reprodutivo e a avaliação dos índices zootécnicos relacionados como, por exemplo, a taxa de concepção na primeira inseminação pós-parto.

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Com o Prodap smartmilk, você consegue monitorar diariamente esses indicadores de forma individual e em grupo, além de estabelecer metas sem precisar sair da tela inicial do software, dando um melhor direcionamento para sua equipe em busca de resultados diferenciados.

Alguns indicadores de eficiência reprodutiva incluem: dias em aberto, intervalo entre partos, dias pós-parto na primeira IA, taxa de detecção de cio e taxa de concepção. 

Doenças mais comuns no pós parto: suas causas e como reconhecê-las.

Como dito anteriormente, as vacas sofrem uma queda na imunidade durante o período de transição. 

No pós-parto é interessante criar uma rotina de mensuração de doenças e monitoramento das vacas. É importante observar apetite, enchimento ruminal, aparência dos animais, consumo, produção de leite e comportamento.

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Uma boa dica para avaliar o comportamento, por exemplo, é observar as vacas que não se levantam na hora do trato.

É muito comum observarmos altas incidências de doenças e distúrbios metabólicos nos animais no período do pós-parto.

Dentre as doenças mais comuns no pós-parto, podemos citar: metrite, retenção de placenta, cetose, hipocalcemia (também conhecida como febre do leite), deslocamento de abomaso e mastite. 

Metrite

As inflamações e infecções uterinas comprometem a saúde e reduzem a eficiência reprodutiva do rebanho. 

  1. Metrite clínica: ocorre normalmente 21 dias após o parto. Os sinais mais comuns são: útero com volume aumentado e com descarga purulenta.

  2. Metrite puerperal (tóxica): útero aumentado de volume com descarga uterina escura e fétida. Pode haver outros sinais que indicam acometimento sistêmico como febre, inapetência e queda na produção. 

  3. Endometrite clínica: é caracterizada por secreção purulenta na vagina detectável com mais de 21 dias decorridos do parto.

metrite em vacas leiteiras

Existe uma grande relação entre higiene e metrite por isso é muito importante ter atenção com a limpeza do ambiente do pós-parto. Também podemos citar outros fatores predisponentes como falhas no sistema imune e quadros de hipocalcemia.

Retenção de placenta

A retenção de placenta ocorre por falhas no descolamento dos placentomas, que são junções entre a parte materna e a parte fetal da placenta. 

Está muito associada a quadros de depressão do sistema imune e sua prevenção é muito mais eficaz do que o tratamento. 

Cetose Bovina

O consumo inadequado de nutrientes no final da gestação e no início da lactação podem levar à mobilização excessiva de gordura e ao acúmulo de gordura no fígado.

Esses distúrbios no metabolismo e o balanço energético negativo severo podem levar à cetose, doença frequentemente associada à queda na produção de leite e prejuízos na atividade reprodutiva da vaca.

É muito importante ficar atento ao ECC, evitando variações excessivas entre o final da lactação e início da gestação. Reduza também os fatores que podem minimizar o consumo de matéria seca da vaca durante todo o período de transição. 

A cetose pode ser monitorada individualmente por meio de exames rápidos, como é o exemplo deste, que utiliza apenas uma gota de sangue do animal.

analise de cetose em vacas

Hipocalcemia 

A hipocalcemia nada mais é do que um baixo nível de cálcio no sangue. Porém, ela pode ser classificada em clínica e subclínica. Nos quadros clínicos é comum observar que a vaca tem dificuldade para levantar e caminhar. Já nos quadros subclínicos não há manifestação de sinais. 

Além disso, a hipocalcemia predispõe a vaca a doenças concomitantes. Um exemplo claro é que a hipocalcemia pode afetar o fechamento esfíncter do teto (que depende do cálcio para a contração) e aumentar o risco de mastite.

Deslocamento de abomaso

Nestes quadros, como o próprio nome já diz, o abomaso é deslocado de sua posição anatômica dentro da cavidade abdominal. No final da gestação o rúmen ocupa um espaço menor, devido ao tamanho do útero gravídico. Após o parto, ocorre um aumento no “espaço vazio” da cavidade abdominal, o que pode favorecer o deslocamento de abomaso.  

Em grande parte dos casos, é necessária uma intervenção cirúrgica para reverter o quadro.

deslocamento de abomaso

Além disso, existem outros fatores predisponentes como: cetose, hipocalcemia, queda na ingestão de matéria seca e baixa quantidade de fibra efetiva na dieta.

Uma boa saída para minimizar esse problema é trabalhar com fibras de boa qualidade para promover enchimento ruminal e trabalhar diretamente nos fatores que podem estar contribuindo para reduzir o consumo.

Mastite

vaca com mastite

As taxas de infecções intramamárias são maiores durante as 2 semanas anteriores ao parto, perdurando até cerca de 2 a 3 semanas pós-parto. 

É uma doença que não pode ser negligenciada. Quando ocorrem casos de mastite na primeira semana pós-parto, as vacas têm um pico de produção menor, prejudicando toda a lactação. 

Podemos citar dois grandes fatores de risco neste período: a imunossupressão e o desafio ambiental.

Um dos pontos dos programas de controle da mastite está focado na secagem das vacas e na higiene do ambiente da maternidade. Estratégias como a terapia de vaca seca e o uso de selantes ajudam a minimizar os riscos da mastite no pós-parto.

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Além disso, uma dieta corretamente balanceada, com níveis adequados de minerais e vitaminas, contribui para o estabelecimento de uma boa saúde do úbere. 

Doenças concomitantes

É importante destacar que muitas vezes as vacas podem apresentar mais de uma dessas doenças ao mesmo tempo. Nas fotos abaixo, a vaca apresentava um quadro de cetose associada à retenção de placenta e metrite.

vaca doente

Fazendo o Manejo Sanitário de vacas leiteiras com o software de gestão Prodap Smartmilk

Como você pode perceber, todas as imagens de relatórios desse texto foram tiradas do Prodap smartmilk. O Smartmilk é o software de gestão para propriedades leiteiras mais completo do Brasil onde você consegue analisar de forma simples todas as informações econômicas, zootécnicas e financeiras da propriedade.

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