Coprodutos na nutrição de bovinos: alternativa econômica para dietas de leite e corte

Data: 30/04/25

Autor: Matheus Rodrigues

A soja e o milho são ingredientes tradicionais na nutrição de bovinos, mas seu alto custo e sazonalidade desafiam a rentabilidade da produção. Em momentos de escassez ou aumento de preço, o uso de coprodutos na nutrição de bovinos de leite e corte surge como uma alternativa eficiente e acessível, permitindo diversificar a dieta e manter a produtividade dos animais.

O que são coprodutos e como podem ser utilizados na alimentação animal?

Coprodutos são derivados do processamento de grãos, sementes, frutas e outros alimentos usados em diversas cadeias produtivas. Eles têm valor nutricional relevante e podem substituir total ou parcialmente o milho e a soja nas dietas de bovinos. Os mais comuns no mercado brasileiro incluem:

  • WDG (Wet Distillers Grains) e DDG (Dried Distillers Grains): subprodutos da indústria do etanol de milho
  • Resíduos de cervejaria
  • Farelo e caroço de algodão
  • Farelo de arroz
  • Polpa cítrica
  • Casquinha de soja
  • Farelo de trigo

Esses coprodutos variam entre energéticos e proteicos. A seleção depende do objetivo nutricional da dieta e da fase produtiva do animal.

Benefícios dos coprodutos para a pecuária de leite e corte

coprodutos na nutrição de bovinos

O uso de coprodutos oferece dois grandes benefícios:

Diversificação da dieta: contribui para reduzir o teor de amido, o que ajuda a prevenir problemas como a acidose ruminal, especialmente em vacas de alta produção.

Redução de custos: esses ingredientes costumam ter preços mais competitivos em relação ao milho e à soja.

Para aprender como ajustar a dieta para reduzir riscos digestivos e manter o desempenho do rebanho, leia mais em: Dicas de manejo alimentar na pecuária de leite

Limitações e desafios do uso de coprodutos

Apesar das vantagens, é preciso considerar:

  • Sazonalidade e disponibilidade: muitos coprodutos não estão disponíveis o ano todo.
  • Compras estratégicas: pequenos produtores podem enfrentar dificuldade para estocar grandes volumes.
  • Limites de inclusão: cada coproduto tem um teto nutricional, que depende da composição e do sistema de produção.

Por isso, é essencial contar com o acompanhamento de um nutricionista especializado.

Saiba mais sobre como utilizar ingredientes alternativos sem comprometer o desempenho zootécnico. Leia mais em: Como produzir silagem de alta qualidade

Principais coprodutos e suas características nutricionais

Casquinha de soja

Rica em fibra e energia, é excelente para rações com baixa densidade de amido. Ideal para gado de leite e corte.

DDG e WDG

Fontes de proteína e energia. DDG tem menor umidade e maior concentração de nutrientes, sendo versátil na formulação.

Farelo de trigo

Alternativa proteica e energética. Seu uso requer equilíbrio com outros ingredientes ricos em fibra.

Farelo de algodão

Excelente fonte proteica, mas seu uso exige moderação por conter gossipol, substância tóxica em excesso.

Entenda como usar esses ingredientes com segurança e eficiência. Leia mais em: Entenda a importância dos inoculantes na silagem

Recomendações para o uso correto de coprodutos

  • Realize análise bromatológica dos ingredientes
  • Use ferramentas de formulação para balancear a dieta
  • Avalie a variabilidade de lotes e origem
  • Adapte o fornecimento ao tipo de rebanho (leite/corte)

Para saber como os coprodutos podem ser aliados na reprodução animal, leia mais em: Impacto das micotoxinas na reprodução do gado leiteiro

Conclusão

A adoção de coprodutos na nutrição de bovinos é uma alternativa viável para reduzir custos e promover mais sustentabilidade na cadeia produtiva. Com apoio técnico adequado, é possível manter o desempenho do rebanho e diminuir a dependência dos grãos tradicionais.

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