Categoria: Gado de Leite

Síndrome da vaca caída: como identificar, causas mais comuns e o que fazer para evitar perdas no rebanho 

Data: 07/08/25

Autoria: <b>Time de especialistas em Pecuária de Precisão</b><span class="linkedin"></span>

Autoria: Time de especialistas em Pecuária de Precisão

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Vaca leiteira em decúbito lateral em instalação com cama macia

A síndrome da vaca caída é um desafio comum nas fazendas leiteiras e causa prejuízos significativos para os produtores, podendo ser maiores se os casos não forem diagnosticados, tratados e minimizados. Ela é expressa quando a vaca se encontra em um decúbito prolongado (mais de 12 horas), por incapacidade ou recusa da vaca em se levantar (Giudice et al. 2010; Burton et al., 2009) Vacas em período de transição, especialmente no pós-parto, são mais vulneráveis. Compreender as causas, reconhecer os sinais e agir de forma estratégica pode evitar perdas produtivas e até a morte do animal. 

Neste artigo, você vai aprender como identificar os sintomas, conhecer as principais causas — como hipocalcemia, cetose, septicemias, doenças neurológicas e traumas — e, principalmente, descobrir como evitar que isso aconteça no seu rebanho

O que é esse problema e por que merece atenção? 

A síndrome da vaca caída descreve vacas que não conseguem se levantar, mesmo com bom estado corporal e aparente consciência. Essa condição exige resposta rápida, já que o tempo de inatividade impacta diretamente a recuperação da vaca. Apenas 33% das vacas que permanecem em decúbito por mais de 24 horas, recuperam-se sem sequelas. Os danos musculares secundários e aos nervos periféricos são os principais complicadores. Por isso, a identificação precoce é fundamental. 

Síndrome da vaca caída: Como saber se a vaca está com o problema? 

O principal sinal é a incapacidade de levantar-se. No entanto, outros sintomas ajudam no diagnóstico: 

  • Apatia e falta de apetite
  • Membros estendidos e sem movimento
  • Respiração acelerada
  • Tremores musculares
  • Desorientação

Fatores que contribuem para o surgimento do quadro 

Existem diversas causas para a vaca cair. A seguir, mostramos as mais comuns e como elas afetam o desempenho do rebanho. 

Queda nos níveis de cálcio 

A hipocalcemia, também conhecida como febre do leite, é a principal causa do quadro no pós-parto. Ocorre quando há uma queda brusca no cálcio circulante, essencial para as funções musculares. 

É necessário lembrar o cálcio, é fundamental para as contrações musculares, por isso baixos níveis de cálcio podem levar o animal a perda da capacidade de locomoção. O tratamento deve ser feito com aplicação intravenosa de cálcio, com monitoramento veterinário. 

Estratégias de prevenção incluem dieta aniônica para o pré-parto (21 dias antes do parto) e suplementação mineral e vitamínica balanceada conforme a exigência da categoria animal. A eficiência da dieta aniônica será mensurada através da avaliação do pH de urina dos animais do pré-parto que deve estar no intervalo de 6,0 – 6,8. 

síndrome da vaca caída

Cetose 

A cetose ocorre principalmente em vacas recém paridas de alta produção, e é causada devido uma alteração do déficit de energia do animal. A quantidade energética que o animal consome não atende à sua demanda, por isso, o animal passa a usar a reserva de gordura corporal. Porém, na cetose esses compostos ultrapassam a capacidade do organismo de metabolização, se tornando tóxico ao animal. 

A cetose deve ser controlada através de um bom manejo no período de transição, envolvendo conforto, dieta, sanidade e maximizando a ingestão de matéria seca do animal.  

Septicemias 

As septicemias é uma infecção generalizada. Pode ser provocado por diversos fatores, mas principalmente se inicia com uma doença aguda. Ela é uma causa importante para a síndrome da vaca caída, e algumas das principais doenças associadas a ela são mastites, metrites e doenças infecciosa de casco.  

Diferente das doenças metabólicas, nessa a origem é infecciosa então é preciso tratar o animal das doenças de origem e junto com isso um tratamento suporte adequado.  

Doenças neurológicas 

As doenças neurológicas são complexas, são muitas causas variáveis, podendo ser infecciosa, genética, traumática e toxica, sendo assim é de difícil compreensão. A síndrome da vaca caída pode ser provocada por alguma patologia do sistema nervoso e por isso é preciso atenção. 

O tratamento nesse caso é mais complexo e muitas vezes não tem o que ser feito. É importante a intervenção de uma especialista e medidas de prevenção, como vacinações. 

Acidentes e lesões físicas 

Além dos distúrbios metabólicos, a vaca também pode cair por escorregões, quedas ao parir e manejo inadequado que podem provocar lesões que impedem o animal de se levantar. 

Práticas preventivas incluem projeto de instalações com piso antiderrapante, superfície macia, largura apropriada de corredores, adequação de rampas e cuidados no manejo e condução dos animais.  

O que fazer quando a vaca não consegue se levantar? 

Agir com calma e técnica é o primeiro passo. Veja algumas orientações práticas para lidar com o problema no campo: 

  1. Não force o animal a se levantar.
  2. Proporcione ambiente confortável e limpo.
  3. Ofereça água e alimento de fácil acesso para os animais.
  4. Monitore o consumo de alimentos (ingestão alimentar) e as sobras.
  5. Evite manejos bruscos e frequentes.
  6. Siga o protocolo de tratamento com base no diagnóstico.

Além disso, anote os sinais observados e comunique à equipe técnica. Isso ajuda a evitar erros no manejo e agilidade na tomada de decisão. 

Síndrome da vaca caída: Como prevenir a síndrome e proteger o rebanho? 

A prevenção começa muito antes da vaca cair. Com medidas simples e efetivas no manejo e na nutrição, é possível evitar a maioria dos casos. Veja como: 

  • Ofereça dieta aniônica no pré-parto para induzir resistência hormonal do cálcio.
  • Bom manejo no período de transição com foco em conforto, saúde e nutrição.
  • Ajuste e Balanceamento de dietas com base na exigência nutricional da categoria (Pré-parto).
  • Avalie o escore corporal para evitar vacas obesas ou muito magras (ECC manutenção entre 3,0 – 3,5).
  • Evite ambientes escorregadios, principalmente na sala de espera e ordenha.
  • Invista em capacitação da equipe para identificar e prevenir os fatores de risco ligados ao manejo, como densidade animal muito alta, condução dos animais sem cuidado etc.  E na capacitação de como atuar caso acontece esse quadro. 

Em outras palavras, a prevenção é mais barata, mais eficaz, simples e mais segura do que o tratamento. 

Considerações finais 

A síndrome da vaca caída representa um dos principais desafios no pós-parto em bovinos de leite, com impacto direto em produção e bem-estar. Uma abordagem técnica eficaz envolve diagnóstico diferencial, intervenção clínica multidisciplinar (correção metabólica, antimicrobiana, suporte físico) associada a um robusto protocolo de prevenção, ancorado em nutrição, manejo estruturado e capacitação técnica. 

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